sábado, 9 de abril de 2011

Conto: O Sábio

" Era uma vez, um jovem rapaz que tinha tudo o que queria: dinheiro, mulheres, fama e diversão. Comia do bom e do melhor, usava as mais belas e caras roupas, morava em um palácio com empregadas que faziam tudo pelo seu conforto. Ia às mais badaladas festas, e mais frequentadas por nobres. Todos os dias era visto com lindas damas, e em sua maioria, ricas. Era muito conhecido e admirado.
Mas ele queria mais. Inteligência. Queria ser o homem mais sábio de todo o mundo. Teve o melhor estudo e lia os livros mais procurados. Tanto queria ser o melhor, que devorou livros: Física, química, literatura, filosofia, história... Passou a ler rápido, devorava livros. 20 por mês, 30,40, 3 por dia. Os livros mais complicados ele havia lido.
Sua fama aumentou e logo era uma lenda. E então conseguiu o que mais queria, ser o homem mais sábio do mundo."

Essa era a história preferida de Marcos. Quero ser como esse cara um dia, pensava ele, ter tudo o que ele tinha e ainda ser famoso.
Ele havia completado 21 anos quando seus pais morreram, herdando uma grande fortuna.
Mas ele era magro, pálido e baixinho, não queria conquistar as mulheres ou sair com os caras mais populares para ganhar status. Ele cresceu escutando a história do sábio, e sempre se imaginou sendo ele.
Ele gostava de ler, e lia muito, mas nunca conseguiu ler 2 grandes livros em um único dia.
Então ele precisava de ajuda, mais precisamente, do sábio em pessoa. A história não era tão velha, passada nos anos 1970. O sábio, se fosse realmente sábio, estaria vivo ainda e com muita inteligência.
Marcos então iria procurá-lo. Pedir ajuda para ele, tentaria ser tão sábio quando o mais sábio.
A história se passava em algum lugar no Sul. Ele pegou todo dinheiro que tinha, o seu novo carro e uma muda de roupas, e partiu para Santa Catarina.
Começou sua busca pela biblioteca da cidade de Florianópolis. Mas só encontrou as velhas histórias, já conhecidas por ele.
Procurara na internet, mas não havia sites que continha a moradia do herói da sua vida.
Tentou se informar pelos moradores mais velhos da cidade, mas ninguém vira o grande há tanto tempo.
Nas cidades vizinhas, ouvira rumores de que o velho se escondera em uma caverna, ou então criara uma cabana próxima a uma cachoeira.
Ele rodou as cachoeiras da região em busca de algo. Mas nada vira. Em um mês de busca, já não havia mais pistas.
Logo pensou que o velho havia morrido, e mesmo muito triste, decidiu que seria melhor voltar para casa. Colocou suas malas no carro e...
- Estava me procurando e vai desistir agora tão fácil? - Alguém tinha colocado as mãos em seus ombros. Ele se virou e deu de cara com um senhor, já de poucos cabelos e barba feita. Vestia-se simples e tinha uma aparência cansada.
- Você que é o Grande Sábio?
- Sim, sou eu - ele ergueu as sobrancelhas. - Não gostou? Esperava alguém de longas barbas brancas, vestido azul e chapéu de estrelinha usando óculos?
- É... Não! Mas, é, bem... Por que está aqui?
- Não podia deixa-lo ir embora sem antes me conhecer, rapaz. Sigam-me. Vou mostrar-lhe minha casa.
Ele fechou o carro e seguiu o sábio. A casa dele era magnífica, limpa, com belos móveis e uma biblioteca enorme.
O senhor se sentou em uma poltrona no centro das estantes e ofereceu outra ao jovem.
-Vou te contar o que quer saber, filho. Para ser como eu, deves ter dinheiro para comprar tantos livros e de autores tão famosos. Empregadas que cuidem de ti e de todo o resto para se livrar de todos os problemas. Ignorar o mundo lá fora. Assim terás tempo o suficiente para ler.
"Mas para ser sábio é difícil. Não basta só ler, tem que saber aproveitar a vida. A verdadeira sabedoria está em saber ser feliz, e isso depende de cada um.
"Sou apenas um velho que ganhou fama por ler direto. E pago meu preço. Para ter isso, abri mão de construir uma família, de ter amigos e de sorrir. E quando percebi, já era tarde. Me tornei um velho solitário e amargo, e não gosto disso. Mas quer saber? Estou bem. Me acostumei a essa vida, e tudo isso serviu para o que? Criar uma história? Não seja como eu, seja como você, e procure a sabedoria em viver. Por que o que adianta ter tanta inteligência e ler tanto, se nem ao menos tenho alguém com que compartilhar?"
- Então você se deu mal?!
- Ha! Ha! Eu escolhi como quis viver. E você, o que escolhe?
Marcos saiu da casa sem nem se despedir. Entrou em seu carro e voltou para sua cidade. Arrumou sua antiga casa e se aprontou para ir ao Café.
Lá, sentou-se em uma mesinha com um cappuccino e abriu o livro do Grande Sávio.
- Era isso então. Meu ídolo era uma farsa infeliz. Do que adianta ter tudo e não ter nada?! Eu não queria ser aquilo...
- Você tem O Sábio! - uma garota de aproximadamente 19 anos. Loira, magra, olhos verdes e.. baixinha! - Ah! Que falta de educação, sou Sarah. Essa é minha história preferida!
- Nossa! A minha também! Ou era, nem sei mais. Sou Marcos.
- Por que era?
- Descobri a verdadeira história. Se tiver interessada, posso lhe pagar um café.
- Seria ótimo!
Bem, não precisa ser tão inteligente e sábio para convidar uma garota a passar a tarde com você, precisa?

                                               Ariel Miranda.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Poema: Quero Sempre

Quero mais,
Mais que risos
Que planos
Que mentiras
E enganos.

Quero transformar,
Quarteto em dupla
Amizade em paixão
E viver sem culpa
Tudo que está em meu coração.

Quero viver,
Uma vida de emoção
E fazer você compreender
De que amo mesmo e não abro mão.

Quero brincar,
De pular corda
E saltar de para-quedas
Enquanto você me acorda
De uma longa queda
E que logo estarei no chão.

                                                      Ariel Miranda.